terça-feira, 1 de junho de 2010

A suprema distância



Há uma distância terrível que régua alguma consegue mensurar: a de um coração fechado a outro.

Essa distância existe entre amigos sem agenda - que nunca têm tempo um para o outro - ou que permitem-se um isolamento por um ou outro motivo.

Existe também entre um casal quando partilham tudo: uma cama, um teto,... mas já não o que lhes vai dentro deles, quando não há um ouvido aberto para ouvir o batido do peito do companheiro.

Essa coisa ganha uma dimensão terrível, quando instalado (ou progressivamente ganha seu espaço) e se solidifica até que não haja mais volta e a existência do outro, na história simplesmente desaparece. Em referências, em lembranças...

Começa-se geralmente com um ressentimento sobre algo não resolvido, que dita uma rotina de desavenças, que vira amargura, que vira ódio, que vira indiferença, que vira morte relacional.

Nas escrituras há algo como isso, quando curiosamente, o Deus onisciente, recusa-se a registrar a existência ou a coexistência com alguém que para Ele se fecha. Lá lemos que o Todo Poderoso, afirma desconhecer os que não partilharam a sua vida, abrindo a sua intimidade ao escrutínio do Senhor. Percebi assim, porque devia eu orar de contínuo a Ele. Não para informá-Lo do que não sabe, nem para conquistá-Lo para as minhas lutas, nem para fazê-Lo se converter às minhas causas, mas para simplesmente com Ele partilhar o meu coração.

Muitos, diz a Palavra, virão no fim dos tempos, apresentando-se tardiamente a Deus e o pior - através das suas obras e ouvirão a declaração dessa suprema distância estabelecida - "Apartai-vos de mim. Nunca vos conheci".

Apesar de o Criador saber de todas as coisas, Ele recusa-Se por um ato soberano a vasculhar a intimidade dos que a Ele não se apresentam em contabilidade de amor como manifestação de amor diária, e não por obrigação. E deixam de o fazer por motivos que vão da displicência cimentada em rotina de isolamento, à rebeldia.

Talvez dai venha a pena das penas, impostas aos que se fecham para Deus: o abandonar das nossas vidas à mercê de nós mesmos. Como aliás afirma Paulo, no capítulo 1 de Romanos de 21 a 32. Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como tal,... Ele os entrega às suas paixões para acabarem consigo mesmos cometendo todo tipo de desvario, buscando o que nunca se pode fartar - os seus apetites animais.

Que Deus nos livre dessa distância,...

Por Rubinho Pirola
http://www.rubinhopirola.com/

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