quinta-feira, 28 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

Se quer lutar então vem!

Ao todo foram 7 dias com pessoas diferentes, lindas e loucas que fizeram a ida à GO um sucesso. O 52º CONUNE realizado na semana passada em Goiania além de trazer à tona debates como PNE e Legalização da Maconha também mostrou caras limpas dispostas à lutar. Não quero falar sobre o congresso em si, mas o que ele representou.

Conheci pessoas que não sairão, nem que queiram, da vida do povo do Pará.

O que nos une é o desejo de mudança, desejo de lutar e não desistir jamais.

Vamos nos CONTRAPOR sempre.

Não importa se seremos chamados de loucos ou radicais, o fato é que não no calaremos nunca!


Aos companheiros de esquerda de todo o Brasil um grande abraço socialista!


Conferência de Juventude: começam etapas municipais e livres

Por Camila Maciel
Jornalista da Adital

Com etapa nacional prevista para os dias 9 a 12 de dezembro deste ano, a Conferência de Juventude já mobiliza vários estados brasileiros. Divididas em etapas municipais, estaduais e livres, os momentos que antecedem o encontro nacional convocam os jovens de todo o país a pensar quais são as políticas prioritárias para a juventude no Brasil. Além de acolher propostas, as conferências preparatórias elegem os/as delegados/as que irão participar da etapa nacional, que será realizada em Brasília, capital federal.

O estado da Bahia é um dos que já tem dezenas de reuniões municipais agendadas para os meses de agosto e setembro. O prazo para que os prefeitos do estado convoquem as conferências segue até o dia 1º de agosto. As atividades baianas são coordenadas pelo Comitê Executivo da Comissão de Organização Estadual (COE). A etapa estadual está prevista para os dias 28 e 30 de outubro.

Segundo o COE, uma das principais dificuldades encontradas para a mobilização dos municípios é a ausência do Sistema de Juventude. Ao contrário dos temas de educação, saúde ou assistência social, por exemplo, a maioria das prefeituras não conta com uma pasta específica para tratar do tema. Como fator de motivação, a Comissão incentiva os gestores realizarem a Conferência como forma de interagir com os programas e políticas do governo federal para a juventude.

Juazeiro da Bahia será o primeiro município a realizar a Conferência no estado, no dia 17. Será um momento de exercício da cidadania dos jovens, no qual eles serão responsáveis pela definição das políticas públicas voltadas para a juventude, assim como irão refletir sobre as ações voltadas para os jovens em suas cidades. Senhor do Bonfim (19), Jacobina (20), Irecê (21) serão as próximas cidades baianas a realizarem seus encontros.

A cidade de Manaus, no estado do Amazonas, também já prepara sua etapa da Conferência de Juventude. Com participação do poder público, organizações e movimentos de juventude e sociedade civil, os jovens manauaras estarão reunidos nos dias 22 e 23 agosto, no au­ditório da Assem­bléia Leg­isla­tiva do Es­tado. De acordo com a Sec­re­taria Mu­nic­ipal da Ju­ven­tude (Semje), será uma oportunidade de promover e consolidar as políticas públicas na cidade.

Além das etapas presenciais, em 2011 haverá ainda a possibilidade de participação por meio virtual. Uma plataforma irá disponibilizar os temas e um mediador, com conhecimento no assunto. Assim, os participantes poderão discutir e apresentar propostas via internet. Também serão realizadas reuniões por videoconferência.

A Conferência Nacional de Juventude

A primeira Conferência Nacional de Juventude foi realizada em 2008, com o envolvimento de cerca de 400 mil pessoas nas mais de 1500 conferências, dentre etapas municipais, estaduais e livres. A Conferência de 2011 terá como lema "Conquistar direitos e desenvolver o Brasil”.

Dentre as pautas prioritárias para discussão na Conferência, estão o Estatuto da Juventude, o Plano Nacional de Juventude e o Sistema Nacional. O Plano e o Estatuto estão em tramitação no Congresso Nacional e "precisarão da mobilização da juventude para serem aprovadas e qualificadas pelas deliberações da Conferência”, de acordo com o documento base do evento.

Com informações do governo federal e do estado da Bahia e de Manaus.

Para mais informações: www.juventude.gov.br

Vidas Secas

Por Christiane Peres

Com um projeto que promete ser a salvação do país em geração de energia, o governo federal passa por cima dos direitos das comunidades afetadas pela usina de Belo Monte.

Amanhece em Altamira, cidade a sudoeste do Pará, quando a Kombi pega a estrada rumo à comunidade São Raimundo Nonato, no quilômetro 45 da rodovia Transamazônica. No local, também conhecido como Travessão da Cobra Choca, vivem 192 famílias de agricultores. Asfalto não existe, ficou a quilômetros de distância, ainda perto de Altamira. Energia elétrica também não há. O último ponto do Programa Luz para Todos, do governo federal, ficou no início do Travessão, na última grande fazenda antes de chegar à vila desses pequenos agricultores. Uma gente esquecida no tempo, só lembrada agora, quando a retomada do projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, apontou que as terras ocupadas por essas pessoas seriam alagadas. Diante do megaprojeto encabeçado pelo governo, essa comunidade luta para permanecer em sua terra.

As cortinas de chita estampadas dividem os cômodos da casa de Marizete Brasiliana dos Santos. De perto, entende-se que ali o ritmo de vida é outro - as necessidades e os desejos também. Há fartura na mesa, apesar da simplicidade da morada. No cardápio do almoço, arroz, feijão, legumes cozidos, frango caipira, carne de panela, macarrão e salada de alface, recém-colhida da horta da família. Nessa hora, Marizete desabafa: "Eles pensam que trazer essa usina é desenvolvimento. Pra gente, não é. Em vez disso, deviam construir um posto de saúde aqui na comunidade, trazer escolas para os nossos filhos. Mas isso eles não fazem", contesta. "A gente tem medo de pensar que pode ficar sem nada quando essa obra sair. Na cidade é preciso comprar tudo. Sem emprego, vamos viver como lá?"

Belo Monte é uma das mais imponentes e questionadas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Será a segunda maior hidrelétrica brasileira, somente atrás da binacional Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Em estudo desde a década de 70, ainda durante o período da ditadura militar, o projeto de Kararaô - antigo nome de Belo Monte - foi alterado e reprovado diversas vezes. Ironicamente, foi durante o governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda reunia boa parte da vanguarda ambientalista do país, que o novo projeto da usina foi aprovado, em fevereiro de 2010. Com a urgência pré-eleitoral que levou Dilma Rousseff ao poder, o governo passou por cima dos direitos das comunidades atingidas e relegou ao segundo plano o debate sobre a sustentabilidade do empreendimento. A usina de Belo Monte, vendida como a salvação do Brasil em geração de energia, é motivo de críticas de vários setores e protagoniza um dos processos mais antidemocráticos desde os tempos do regime militar.

Os otimistas afirmam que o empreendimento terá capacidade para gerar 11,2 mil megawatts de energia, mas estudos relacionados à obra mostram que Belo Monte jamais irá operar com essa potência. A energia média assegurada é de 4,5 mil megawatts e, em tempos de seca, a geração poderia ficar abaixo de mil. Para os críticos da obra, o custo-benefício não compensa, mas o governo e a Norte Energia - consórcio vencedor do leilão da usina - contestam. "O sistema brasileiro de hidrelétricas é invejado no mundo inteiro e não é besta de construir uma usina que não tenha viabilidade econômica", pondera Luiz Fernando Rufato, diretor de construção do consórcio.

Assim como Marizete, calcula-se que mais de 30 mil pessoas sofrerão com as incertezas relacionadas à megausina. Vando Tavares é dono de um pequeno ponto comercial na comunidade São Raimundo Nonato. Morador da região há 22 anos, ele sempre ouviu os boatos sobre a construção. Há até pouco tempo, aliás, era o único morador do Travessão da Cobra Choca a favor da usina, mas a difícil negociação com os representantes do consórcio vencedor alterou a opinião do comerciante. "Ainda não sou totalmente contra, porque a gente precisa de energia, não é?", diz. "Mas ninguém nos diz para onde seremos levados, quanto vamos receber pelas terras. Além do comércio, vivo da pecuária e também plantei uns oito mil pés de cacau, que daqui a pouco vão começar a dar."

Junto ao gado, o cacau é uma das principais fontes de renda da população dos arredores da Transamazônica. Os 15 municípios da região são responsáveis por 80% da produção do Pará. Em 2009, por exemplo, o estado produziu 56 mil toneladas da amêndoa; dessas, 45 mil toneladas saíram das terras de sete mil famílias que vivem na região da Transamazônica. Em volume, a produção paraense só fica atrás da Bahia.

De acordo com Paulo Henrique Fernandes, coordenador regional da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), entidade ligada ao Ministério da Agricultura, um pé de cacau vive, em média, 40 anos. Após cinco anos da plantação, começa a dar o fruto, que rende a amêndoa seca vendida na cidade e também para o exterior. "O cacau da nossa região sustenta diversas famílias. Tem muito produtor que sentirá o impacto da construção de Belo Monte, pois vai perder seu ganha-pão", afirma Fernandes. O valor de venda depende da qualidade da amêndoa seca, mas os agricultores conseguem, no mínimo, R$ 5 pelo quilo. "Se uma família tem três mil pés, pode tirar até dois salários mínimos por mês, porque o cacau dá o ano inteiro. Nem o boi rende isso aqui", complementa José Aparecido de Souza Santos, presidente da Agrivox (Associação dos Agricultores da Volta Grande do Xingu).