domingo, 9 de outubro de 2011

Em tempos de indignados, menos Jobs, mais Che






Júlio Miragaia

Uma semana sem sombra de dúvidas diferente. Uma semana que confirma: o ano de 2011 é o ano dos indignados. Nos últimos dias milhares tem saído às ruas em diversas cidades norte-americanas contra o sistema financeiro que tem levado a classe trabalhadora desse país à miséria. Esse tem sido o motivo das mobilizações no coração do principal país capitalista no mundo. São os indignados dos EUA, que já não se limitam apenas as mobilizações em Wall Street, mas em cidades como Chicago, Los Angeles e Washington.

A juventude esse ano vem derrubando ditaduras, como na primavera árabe, questionando os planos de austeridade dos governos, seja na Espanha ou na Grécia e enfrentando a política neoliberal para educação, como no Chile e no Equador. São tempos de indignação generalizada que começam a chegar sobre solo tupiniquim com rebeliões, seja na classe trabalhadora em Jirau, bombeiros do RJ, construção civil de Belém, bancários ou na juventude com a rebelião dos 30 mil que barrou o aumento da passagem em Teresina e as ocupações de reitorias em várias universidades e com maior expressão na UFF e UFPR. Até na Bolívia de Evo Morales, que no início de seu governo teve choques progressivos com o imperialismo e que agora começa a ceder, o povo tem colocado seu governo em cheque com o gasolinazo e o categórico e massivo repúdio ao massacre aos índios Tipinis.

São tempos tão indignados que a abertura do principal veículo de reprodução da ideologia burguesa no Brasil, o jornal nacional da quinta-feira, 05/10, foi no mínimo inusitada. Willian Bonner e Fátima Bernardes já não podiam manter o bloqueio midiático que semanas atrás estava sendo aplicado por praticamente toda a imprensa no mundo sobre as mobilizações em Wall Street. Assim, os âncoras globais anunciaram as manifestações, para em seguida dizer que havia uma greve geral na Grécia e posteriormente dizer que no Brasil a greve dos correios continuava, pois a base da categoria havia rejeitado em assembléias por todo o país a proposta do governo Dilma.

Nessa mesma semana em que a indignação vem sendo uma máxima sobre a juventude, às vésperas do 15 de outubro, um dia mundial de mobilização chamado pela juventude européia, duas datas marcam um importante debate. No dia 05/10 o fundador da Apple, Stve Jobs, faleceu, vítima de um câncer. No dia 09/10, completam-se 44 anos da morte de Ernesto Che Guevara. Jobs vem sendo mundialmente apontado como um gênio de nossa época, como um empresário modelo, que contribuiu para mudanças substanciais sobre a utilização da internet e do computador.

Sem entrar no entusiasmo dos que idolatram após a morte, é fundamental refletir que apesar de todos os avanços comunicacionais que o I PAD, I Phone e outras ferramentas desenvolvidas pela Apple possam proporcionar (ainda que para uma minoria da população mundial), a mão de obra de muitos trabalhadores em fábricas na China e em outros países foi queimada de forma semi-escrava para que houvessem tais avanços. O que demonstra por a+b que Jobs também era acima de tudo um patrão.

A realidade das fábricas da Apple
A Apple chegou a admitir, em março de 2010, que algumas de suas fábricas espalhadas pelo mundo violaram várias leis trabalhistas, até mesmo contratando menores de idade para fabricar iPhones, ipods e computadores Macintosh. A revelação foi feita no site da empresa, após uma auditoria em 102 fábricas na China, Taiwan, Tailândia, Malásia, Cingapura, Coreia do Sul, República Tcheca, Filipinas e EUA.

Em mais de 60 instalações os funcionários trabalhavam mais do que as 60 horas semanais determinadas pela Apple. Além disso, 24 parceiros pagavam menos que o salário mínimo e 57 não ofereciam todos os benefícios exigidos por lei nos países.

Em agosto desse ano, um importante ativista do meio ambiente chinês, Ma Jun, criticou a Apple, denunciando a empresa que não revela seus fornecedores que poderiam estar poluindo. Jun disse que sua entidade encontrou água poluída e foi informado sobre gases prejudiciais em áreas próximas de fábricas na China, que seriam de fornecedores da Apple.

Na cidade chinesa de Shenzhen a situação é sintomática. Nos 2 complexos da Foxconn, fornecedora dos componentes da Apple, trabalham cerca de 400 mil funcionários em linhas de produção de iPhone, iPad e outros produtos eletrônicos. Mesmo depois do suicídio dos jovens operários no ano passado, a superexploração segue sendo uma rotina. A jornada diária é de 10 horas, seis dias por semana, em troca de um salário equivalente a R$ 1.083 e seguro-saúde. Após os suicídios a Foxconn instalou grades nas janelas e redes sob os dormitórios para evitar novas mortes.

Em cada um dos quatro complexos onde vivem os trabalhadores da empresa moram 100 mil funcionários. Num quarto dormem oito pessoas. A divisão dos edifícios é por gênero, e visitas estão proibidas. As relações trabalhistas não são nada modernas: cobranças dos chefes por meio de humilhantes broncas públicas, longas horas extras, falta de privacidade e de lazer nos dormitórios e baixos salários são parte da rotina.

Sobre o suicídio dos jovens operários em 2010, o próprio Steve Jobs saiu em defesa de sua fornecedora tentando minimizar os casos dizendo que a Apple estava “tentando entender” o caso. “Nós estamos tentando entender isso. É uma situação difícil”, declarou.

"É uma fábrica --mas meu Deus, eles têm os restaurantes e cinemas. Mas eles tiveram alguns suicídios e tentativas de suicídio, e eles têm 400 mil pessoas. A taxa [de suicídios] está abaixo do número dos EUA, mas ainda é preocupante." Afirmou Jobs. Numa clara tentativa de minimizar as mortes.

44 anos em que “o futuro nos pertence”
Menos badalado que o recente falecimento do magnata da Apple, os 44 anos da morte de Che Guevara precisam ser lembrados. Dessa vez não há simbologia na data, 44 não é um número que diga algo. Porém, mais do que nunca, a primavera vem se tornando inevitável em todo o planeta. Contraditoriamente, as conquistas trazidas pela revolução cubana vem sendo extintas passo a passo pela convertida oligarquia Castro, agora sob o comando de Raul na ilha da América Central. Ao invés de apoiar os processos de luta dos povos árabes, europeus e americanos, como defendia o Che, Fidel, Raul e Chávez se colocam do outro lado da trincheira, num apoio cego à Kadafi e Assad.

Che era um profundo defensor do internacionalismo. Por isso abandonou cargo, prestígio e poder em Cuba para organizar a luta armada em toda a América Latina. Apesar de um método limitado (o método das guerrilhas), sua caracterização e parte de sua política estavam acertadas: somente novas Cubas fariam da América um continente livre do jugo da desigualdade e do capital.

O isolamento que sofreu por parte do governo cubano foi fundamental para sua execução na Bolívia. Hoje, mais do que nunca está provado que Fidel não quer novas Cubas em lugar nenhum. Seu modelo é o da China da superexploração, por isso as demissões em massa e a privatização de setores estratégicos da economia cubana, aliada a manutenção de um regime político fechado, sem liberdades democráticas.

Menos Jobs, mais Che: a verdadeira revolução do século XXI é indignada!
Um novo muro de Berlim vem caindo. As ilusões sobre o estado de bem-estar social do capital vem ruindo do norte da África aos países do centro do capital. Um muro ideológico de que o socialismo havia acabado com o fim das ditaduras stalinistas no leste europeu desmorona dia após dia. O povo egípcio tem ido às ruas para recuperar a revolução que havia sido entregue nas mãos do exército. O governo Evo na corda bamba, prestes a cair duas vezes pela esquerda e não pela mão do império são sintomas desses novos tempos. O 15 de outubro pode vir a ser uma poderosa demonstração de força também de uma nova vanguarda que não consegue identificar em Chávez, em Fidel e cia uma alternativa de direção e lutam por uma nova sociedade, contra os governos de plantão e construindo novas formas de organização. É um movimento pela base.

Enquanto alguns exaltam os avanços tecnológicos da Apple conseguidos sobre o céu de chumbo e ferro das fábricas suicidas da Foxconn, certamente a nós compete lembrar não apenas por pura nostalgia do legado do Che. Afinal, a primavera segue e é maior do que em qualquer outro momento da história. São tempos de menos, muito menos Jobs e mais Che. Tempos, como diria Eduardo Galeano, do direito ao delírio.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Trabalho escravo se repete em Campos dos Goytacazes

Entre as 20 pessoas submetidas à escravidão, cinco eram adolescentes com menos de 18 anos de idade e seis eram mulheres. Nas frentes de trabalho de capina em canaviais e cultivo de grama, não havia água potável nem banheiro

Por Bianca Pyl

Fiscalização trabalhista libertou 20 pessoas de condições análogas à escravidão, incluindo cinco adolescentes entre 16 e 18 anos de idade e seis mulheres, em Campos dos Goytacazes (RJ). Realizada no início de junho pelo grupo interinstitucional - formado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) -, a ação foi motivada por denúncia telefônica às autoridades.

De acordo com Marcela Ribeiro, procuradora do trabalho no município do Norte fluminense, as condições encontradas na Fazenda Lagoa Limpa eram degradantes. Os empregados rurais não recebiam água potável durante todo o dia de trabalho. Não havia instalações sanitárias nas frentes de trabalho. Também não havia local adequado para as refeições e nem para armazená-las, já que os empregados traziam a comida de casa. As vítimas trabalhavam sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e não tinham a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinadas.

A propriedade fiscalizada pertence a Walter Lysandro Godoy, que era responsável por dois trabalhadores que realizavam a limpeza do mato que nasce entre as fileiras da plantação de cana-de-açúcar. Os outros plantavam grama para a empresa Jardim do Éden Indústria e Comércio Ltda. ME.

Os empregados eram moradores da região de Campos dos Goytacazes (RJ) e trabalhavam no local desde abril. O MTE lavrou 13 autos de infração. As verbas rescisórias pagas a cada trabalhador superaram a quantia de R$ 1 mil. Os trabalhadores libertados também devem receber o Seguro Desemprego para Trabalhador Resgatado. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato telefônico com os envolvidos no ocorrido.

Após o flagrante, os empregadores assinaram Termos de Ajuste de Conduta (TAC) se comprometendo a cumprir integralmente a legislação. Eles pagaram indenizações a título de dano moral individual e R$ 7,5 mil relativos ao dano moral coletivo. O valor será destinado a uma campanha publicitária para divulgação dos direitos dos trabalhadores rurais.

Nos últimos anos, uma série de operações verificaram a exploração de mão de obra escrava em fazendas da região de Campos dos Goytcazes (RJ), em especial no pesado trabalho nas lavouras de monocultivo de cana.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

Se quer lutar então vem!

Ao todo foram 7 dias com pessoas diferentes, lindas e loucas que fizeram a ida à GO um sucesso. O 52º CONUNE realizado na semana passada em Goiania além de trazer à tona debates como PNE e Legalização da Maconha também mostrou caras limpas dispostas à lutar. Não quero falar sobre o congresso em si, mas o que ele representou.

Conheci pessoas que não sairão, nem que queiram, da vida do povo do Pará.

O que nos une é o desejo de mudança, desejo de lutar e não desistir jamais.

Vamos nos CONTRAPOR sempre.

Não importa se seremos chamados de loucos ou radicais, o fato é que não no calaremos nunca!


Aos companheiros de esquerda de todo o Brasil um grande abraço socialista!


Conferência de Juventude: começam etapas municipais e livres

Por Camila Maciel
Jornalista da Adital

Com etapa nacional prevista para os dias 9 a 12 de dezembro deste ano, a Conferência de Juventude já mobiliza vários estados brasileiros. Divididas em etapas municipais, estaduais e livres, os momentos que antecedem o encontro nacional convocam os jovens de todo o país a pensar quais são as políticas prioritárias para a juventude no Brasil. Além de acolher propostas, as conferências preparatórias elegem os/as delegados/as que irão participar da etapa nacional, que será realizada em Brasília, capital federal.

O estado da Bahia é um dos que já tem dezenas de reuniões municipais agendadas para os meses de agosto e setembro. O prazo para que os prefeitos do estado convoquem as conferências segue até o dia 1º de agosto. As atividades baianas são coordenadas pelo Comitê Executivo da Comissão de Organização Estadual (COE). A etapa estadual está prevista para os dias 28 e 30 de outubro.

Segundo o COE, uma das principais dificuldades encontradas para a mobilização dos municípios é a ausência do Sistema de Juventude. Ao contrário dos temas de educação, saúde ou assistência social, por exemplo, a maioria das prefeituras não conta com uma pasta específica para tratar do tema. Como fator de motivação, a Comissão incentiva os gestores realizarem a Conferência como forma de interagir com os programas e políticas do governo federal para a juventude.

Juazeiro da Bahia será o primeiro município a realizar a Conferência no estado, no dia 17. Será um momento de exercício da cidadania dos jovens, no qual eles serão responsáveis pela definição das políticas públicas voltadas para a juventude, assim como irão refletir sobre as ações voltadas para os jovens em suas cidades. Senhor do Bonfim (19), Jacobina (20), Irecê (21) serão as próximas cidades baianas a realizarem seus encontros.

A cidade de Manaus, no estado do Amazonas, também já prepara sua etapa da Conferência de Juventude. Com participação do poder público, organizações e movimentos de juventude e sociedade civil, os jovens manauaras estarão reunidos nos dias 22 e 23 agosto, no au­ditório da Assem­bléia Leg­isla­tiva do Es­tado. De acordo com a Sec­re­taria Mu­nic­ipal da Ju­ven­tude (Semje), será uma oportunidade de promover e consolidar as políticas públicas na cidade.

Além das etapas presenciais, em 2011 haverá ainda a possibilidade de participação por meio virtual. Uma plataforma irá disponibilizar os temas e um mediador, com conhecimento no assunto. Assim, os participantes poderão discutir e apresentar propostas via internet. Também serão realizadas reuniões por videoconferência.

A Conferência Nacional de Juventude

A primeira Conferência Nacional de Juventude foi realizada em 2008, com o envolvimento de cerca de 400 mil pessoas nas mais de 1500 conferências, dentre etapas municipais, estaduais e livres. A Conferência de 2011 terá como lema "Conquistar direitos e desenvolver o Brasil”.

Dentre as pautas prioritárias para discussão na Conferência, estão o Estatuto da Juventude, o Plano Nacional de Juventude e o Sistema Nacional. O Plano e o Estatuto estão em tramitação no Congresso Nacional e "precisarão da mobilização da juventude para serem aprovadas e qualificadas pelas deliberações da Conferência”, de acordo com o documento base do evento.

Com informações do governo federal e do estado da Bahia e de Manaus.

Para mais informações: www.juventude.gov.br

Vidas Secas

Por Christiane Peres

Com um projeto que promete ser a salvação do país em geração de energia, o governo federal passa por cima dos direitos das comunidades afetadas pela usina de Belo Monte.

Amanhece em Altamira, cidade a sudoeste do Pará, quando a Kombi pega a estrada rumo à comunidade São Raimundo Nonato, no quilômetro 45 da rodovia Transamazônica. No local, também conhecido como Travessão da Cobra Choca, vivem 192 famílias de agricultores. Asfalto não existe, ficou a quilômetros de distância, ainda perto de Altamira. Energia elétrica também não há. O último ponto do Programa Luz para Todos, do governo federal, ficou no início do Travessão, na última grande fazenda antes de chegar à vila desses pequenos agricultores. Uma gente esquecida no tempo, só lembrada agora, quando a retomada do projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, apontou que as terras ocupadas por essas pessoas seriam alagadas. Diante do megaprojeto encabeçado pelo governo, essa comunidade luta para permanecer em sua terra.

As cortinas de chita estampadas dividem os cômodos da casa de Marizete Brasiliana dos Santos. De perto, entende-se que ali o ritmo de vida é outro - as necessidades e os desejos também. Há fartura na mesa, apesar da simplicidade da morada. No cardápio do almoço, arroz, feijão, legumes cozidos, frango caipira, carne de panela, macarrão e salada de alface, recém-colhida da horta da família. Nessa hora, Marizete desabafa: "Eles pensam que trazer essa usina é desenvolvimento. Pra gente, não é. Em vez disso, deviam construir um posto de saúde aqui na comunidade, trazer escolas para os nossos filhos. Mas isso eles não fazem", contesta. "A gente tem medo de pensar que pode ficar sem nada quando essa obra sair. Na cidade é preciso comprar tudo. Sem emprego, vamos viver como lá?"

Belo Monte é uma das mais imponentes e questionadas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Será a segunda maior hidrelétrica brasileira, somente atrás da binacional Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Em estudo desde a década de 70, ainda durante o período da ditadura militar, o projeto de Kararaô - antigo nome de Belo Monte - foi alterado e reprovado diversas vezes. Ironicamente, foi durante o governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda reunia boa parte da vanguarda ambientalista do país, que o novo projeto da usina foi aprovado, em fevereiro de 2010. Com a urgência pré-eleitoral que levou Dilma Rousseff ao poder, o governo passou por cima dos direitos das comunidades atingidas e relegou ao segundo plano o debate sobre a sustentabilidade do empreendimento. A usina de Belo Monte, vendida como a salvação do Brasil em geração de energia, é motivo de críticas de vários setores e protagoniza um dos processos mais antidemocráticos desde os tempos do regime militar.

Os otimistas afirmam que o empreendimento terá capacidade para gerar 11,2 mil megawatts de energia, mas estudos relacionados à obra mostram que Belo Monte jamais irá operar com essa potência. A energia média assegurada é de 4,5 mil megawatts e, em tempos de seca, a geração poderia ficar abaixo de mil. Para os críticos da obra, o custo-benefício não compensa, mas o governo e a Norte Energia - consórcio vencedor do leilão da usina - contestam. "O sistema brasileiro de hidrelétricas é invejado no mundo inteiro e não é besta de construir uma usina que não tenha viabilidade econômica", pondera Luiz Fernando Rufato, diretor de construção do consórcio.

Assim como Marizete, calcula-se que mais de 30 mil pessoas sofrerão com as incertezas relacionadas à megausina. Vando Tavares é dono de um pequeno ponto comercial na comunidade São Raimundo Nonato. Morador da região há 22 anos, ele sempre ouviu os boatos sobre a construção. Há até pouco tempo, aliás, era o único morador do Travessão da Cobra Choca a favor da usina, mas a difícil negociação com os representantes do consórcio vencedor alterou a opinião do comerciante. "Ainda não sou totalmente contra, porque a gente precisa de energia, não é?", diz. "Mas ninguém nos diz para onde seremos levados, quanto vamos receber pelas terras. Além do comércio, vivo da pecuária e também plantei uns oito mil pés de cacau, que daqui a pouco vão começar a dar."

Junto ao gado, o cacau é uma das principais fontes de renda da população dos arredores da Transamazônica. Os 15 municípios da região são responsáveis por 80% da produção do Pará. Em 2009, por exemplo, o estado produziu 56 mil toneladas da amêndoa; dessas, 45 mil toneladas saíram das terras de sete mil famílias que vivem na região da Transamazônica. Em volume, a produção paraense só fica atrás da Bahia.

De acordo com Paulo Henrique Fernandes, coordenador regional da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), entidade ligada ao Ministério da Agricultura, um pé de cacau vive, em média, 40 anos. Após cinco anos da plantação, começa a dar o fruto, que rende a amêndoa seca vendida na cidade e também para o exterior. "O cacau da nossa região sustenta diversas famílias. Tem muito produtor que sentirá o impacto da construção de Belo Monte, pois vai perder seu ganha-pão", afirma Fernandes. O valor de venda depende da qualidade da amêndoa seca, mas os agricultores conseguem, no mínimo, R$ 5 pelo quilo. "Se uma família tem três mil pés, pode tirar até dois salários mínimos por mês, porque o cacau dá o ano inteiro. Nem o boi rende isso aqui", complementa José Aparecido de Souza Santos, presidente da Agrivox (Associação dos Agricultores da Volta Grande do Xingu).

terça-feira, 19 de abril de 2011

Páscoa o que isso simboliza pra você?!


Sempre no período da páscoa, lembro de canções que embalaram minha infância e adolescência e essa é uma delas que aprendi com a "tia Diná" êê tempo bom!!!

"É claro que eu gosto de chiclete chocolate,
Bombom, pé-de-moleque, pirulito e muito mais,
Só que eu aprendi que o doce mais doce não se faz,
Pois como o doce é doce ao nosso paladar,
O doce mais doce não se pode fabricar,
Que o doce mais doce só, JESUS nos pode dar.

O gosto amargo da tristeza e do fel,
Jesus levou na cruz, para me levar pr'o céu,
E tornou assim, a minha páscoa doce como o mel.

Ele é minha alegria, morreu para me dá a salvação,
Ressuscitou ao terceiro dia,
Cristo é a minha redenção,
Minha páscoa minha salvação."

É isso!!!!