terça-feira, 11 de janeiro de 2011

175 anos da Revolução Cabana

Uma luta em curso (I)

Após esses 175 anos de Revolução Cabana, que foi coordenada por homens simples, anônimos, que escreveram, a partir da vontade coletiva, algumas das mais importantes páginas da história do povo brasileiro e em especial do povo paraense, a motivação desta vontade coletiva pode ser explicada, emprestando as palavras de Maria G. Gohn (1997, p.54): “enquanto a humanidade não resolver seus problemas básicos de desigualdades sociais, opressão e exclusão, haverá lutas, haverá movimentos”. A situação por que passava a maioria do povo pobre do Pará foi o ingrediente mais do que justificável para que homens e mulheres das mais variadas cores e religiões pudessem se organizar e, de armas em punho, gritassem uníssonos por liberdade, justiça e igualdade.

Várias formas de se apropriar do legado da Cabanagem foram utilizadas. Em princípio Domingos Rayol tomou a Cabanagem como um motim de desalmados, irracionais que tinham como desejo a expressão da ira e do terror, argumento perfeito para consolidar a repressão sanguinária que derivou sua apreciação, gerando um genocídio neste Estado que dizimou um terço da população masculina paraense.

Mas Vicente Salles, um dos mais importantes historiadores paraenses, identifica uma luta de classes que eclode em 1835 com a Cabanagem. Relata a expressão política de membros excluídos da sociedade paraense, que era baseada nos grandes proprietários e comerciantes portugueses, por trás da simples oposição entre portugueses e brasileiros – havia uma heterogeneidade de posições que se somaram, formando um quadro político instável na província. De acordo com ele, de um lado estava o colonizador, uma minoria que controlava o poder e os meios de produção; em oposição, estava o colonizado, “massa heterogênea de camponeses e peões”, pertencente à categoria de homens livres sem terra “vivendo à margem da escravidão”. Em muitos momentos, a condição do colonizado era pior até que a situação dos escravos.

Como o subtítulo diz, o livro de Vicente Salles é a “história do pensamento político-revolucionário do Grão-Pará”, pensamento cujas raízes estão nas grandes transformações ocorridas no final do século XVIII e no início do século XIX. A Cabanagem é a soma do reflexo da ação desempenhada por idéias liberais, republicanas e libertárias. A Revolução Francesa, a Revolução Americana e a Revolução da Guiana Francesa, principalmente, exerceram papel importante na propagação de idéias políticas entre diferentes camadas da sociedade do Grão-Pará.

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